Em um mundo intoxicado pela expansão, produtividade e sucesso visível, esquecemos a arte de encerrar. Não apenas terminar, mas fechar conscientemente, com presença e graça. Neste mundo impermanente e em constante mutação, não é a permanência que garante a vida, é a disposição de se render ao próprio ciclo.
O reino dos fungos sabe disso bem. Sempre soube. Vivendo no limiar, entre a vida e a morte, forma e ausência de forma — os fungos não resistem à fase de decomposição. Eles a incorporam. Prosperam nela. Não como um fim, mas como um começo disfarçado. São os alquimistas antigos do chão da floresta, transmutando a decadência em alimento, os finais em fundações.
E, mesmo assim, mal falamos deles.
Nossa linguagem reflete nossa hierarquia: flora e fauna, como se os fungos fossem um fantasma na narrativa biológica. Uma inteligência invisível trabalhando silenciosamente no escuro, segurando os fios da renovação enquanto o resto de nós corre para a luz, esquecendo que a verdadeira iluminação também é encontrada na sombra.
O micélio nos ensina outro caminho. Um caminho não baseado em hierarquia ou dominação, mas em coerência em rede. Hifa por hifa, eles tecem uma teia que não é linear, nem competitiva, mas profundamente relacional. Um sistema de apoio mútuo, no qual a inteligência é compartilhada, não acumulada. Na fase de decomposição, nada é desperdiçado. Tudo é ouvido. Os fungos perguntam: o que ainda é útil? O que deve partir? O que precisa retornar à terra para que algo novo possa viver?
Eles não temem a morte. Eles a metabolizam.
E não é esse o medo humano mais profundo? Que se pararmos de criar, expandir, produzir, desapareceremos? Que não teremos importância se não estivermos nos tornando algo maior?
Mas os fungos nos lembram que a forma mais profunda de vir a ser é estar com. Estar com o morrer, o decair, o encerrar. Estar com o silêncio após a expiração. Estar com o composto antes do broto. Estar com as partes de nós que não estão mais alinhadas, e aprender a liberá-las com dignidade, não com urgência.
Precisamos lembrar como encerrar.
Encerrar relacionamentos, capítulos, projetos, identidades, não com vergonha ou fracasso, mas com reverência. Compostar as histórias que não precisamos mais. Honrar o que serviu ao seu propósito. Integrar sua sabedoria. Tornar-se, como os fungos, parte de uma inteligência maior, que alimenta o futuro, mesmo enquanto dissolve o passado.
Porque permanência não é segurar. É saber como soltar, com sabedoria.
Essa lição chegou na minha vida envolta em paradoxo.
Sou Sagitário: a sonhadora, a buscadora, aquela que sempre olha para o horizonte. Regida por Júpiter, meu mapa é atravessado pelo desejo de expandir, crescer, imaginar realidades maiores, mais brilhantes, mais selvagens. Por muito tempo, acreditei que meu otimismo só estava vivo quando direcionado para fora, para a criação, para o movimento, para o mais.
Mas os fungos me humilharam.
Eles não me pediram para sonhar menos. Pediram-me para enraizar mais fundo. Para parar de fugir do silêncio que segue a conclusão. Para parar de evitar a quietude sagrada do encerramento.
Eles me ensinaram a reconhecer a frequência baixa da expansão infinita, um ciclo de fantasia disfarçado de crescimento. E me convidaram, em vez disso, para um otimismo mais verdadeiro: aquele que celebra não apenas o nascimento, mas o composto. Não apenas a criação, mas a transmutação.
Agora, honro a aventura dos finais também. A graça de deixar ir. A alegria de abrir espaço.
Esta é a sabedoria mais profunda de viver.
E nunca foi só minha para encontrar.
Sempre foi nossa.
Ensinamentos Incorporados
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